O Que é Real e O Que é Ficção na História de Jane Austen?

Esse post não é bem um review, mas, sobre curiosidades também, então, sendo um ou outro, vamos mergulhar na história e algumas curiosidades desse filme?

Em 1795, em uma sociedade onde as mulheres eram criadas para casar e ter filhos, Jane Austen (Anne Hathaway) passava seu tempo entre os livros de seu pai, absorvendo todo o conhecimento possível. Seu maior sonho? Ser escritora – algo incomum e pouco aceito na época. Sua família, enfrentando dificuldades financeiras, desejava que Jane se casasse com um homem rico para garantir um futuro estável, mas ela não queria saber disso. Seu verdadeiro desejo era viver de sua arte.

Naquele Natal, com todos reunidos, Jane fez a primeira leitura de seu trabalho. Foi então que Thomas Lefroy (James McAvoy) chegou ao campo, enviado por seu tio para se afastar dos excessos da vida londrina.

Lefroy, um jovem advogado, tinha uma fama nada respeitável: era boêmio, frequentador de casas de luta e apostas, cercado por mulheres e festas. Ao chegar, entediado, dormiu no meio da leitura de Jane e depois fez duras críticas ao seu texto.

A relação entre os dois começou com implicância, enquanto Jane se recusava a aceitar pretendentes, causando desconforto entre as famílias envolvidas. Mas, aos poucos, ela percebeu que seus sentimentos por Tom Lefroy estavam mudando – e eram correspondidos. O problema? Além da reputação duvidosa, Tom também era pobre, e a família de Jane não via com bons olhos esse envolvimento.

Na tentativa de resolver a situação, as famílias planejaram um encontro com Lorde Chefe Judge Langlois (Ian Richardson), tio e benfeitor de Lefroy, para que ele conhecesse Jane e concedesse sua aprovação para o casamento. Foi nessa noite, já em Londres e ansiosa, que Jane, sem sono, começou a escrever Orgulho e Preconceito.

Mas tudo deu errado. Ao descobrir que Jane era pobre, Lorde Langlois recusou o pedido. Com isso, os caminhos de Jane e Tom se separaram… até que ele propôs uma fuga. Tudo parecia resolvido, até Jane encontrar uma carta da família de Lefroy que mudaria para sempre o destino dos dois. Não haveria um final feliz.

O Que é Verdade em Amor e Inocência?

O filme Amor e Inocência (Becoming Jane) é baseado nas cartas de Jane Austen, uma das autoras mais influentes da literatura. Mas até que ponto essa história é real? Aqui estão cinco indícios históricos que confirmam parte da narrativa:

✅ Jane realmente conheceu Tom Lefroy

• As cartas de Jane mencionam que eles se conheceram na casa de campo em 1795 e que chegaram a dançar juntos, como mostrado na icônica cena do baile, onde ela quase se compromete com Sr. Wisley (Lauence Fox), um pretendente rico.

✅ A família de Tom Lefroy desaprovou o romance

• Tom era, de fato, um jovem estudante de direito, e sua família esperava que ele se casasse com alguém financeiramente vantajoso. Há indícios de que sua família o afastou de Jane justamente porque ela não tinha um dote significativo.

✅ A família de Jane enfrentava dificuldades financeiras

• Os Austen eram pobres, e isso tornava difícil para Jane conseguir um bom casamento. Na época, poucas mulheres tinham opções além do matrimônio para garantir estabilidade financeira.

✅ Jane rejeitou uma proposta de casamento vantajosa

• Em 1802, Jane recebeu uma proposta de um pretendente rico e inicialmente aceitou. No entanto, ela mudou de ideia no dia seguinte, causando um escândalo e acabou também reafirmando seu compromisso com a escrita.

✅ Ela nunca se casou, priorizando sua carreira literária

• Embora tenha tido romances, Jane Austen permaneceu solteira. Muitos acreditam que sua experiência com Lefroy influenciou Orgulho e Preconceito, mas a obra foi inspirada por diversos fatores, incluindo sua própria família e observações da sociedade.

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O Que é Ficção no Filme?

Embora baseado em fatos, Amor e Inocência toma liberdades criativas para tornar a história mais envolvente. Aqui estão alguns elementos que foram romantizados ou adicionados:

❌ A relação entre Jane e Tom provavelmente foi mais breve e menos intensa

• Não há provas de que o romance tenha sido tão profundo quanto o filme sugere. Após a primeira visita ao campo, Tom voltou para Londres e logo se casou com outra mulher.

❌ A forte influência de Lefroy em Orgulho e Preconceito

• O filme sugere que Lefroy foi a grande inspiração para o livro, mas, na realidade, Jane Austen baseou sua obra em diversos aspectos da sociedade e de sua própria vida.

❌ O reencontro na velhice e a homenagem de Lefroy

• O filme mostra um suposto reencontro anos depois, onde Lefroy apresenta sua filha chamada Jane, em homenagem à escritora. Não há registros históricos desse momento.

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Vale o Balde de Pipoca?

Amor e Inocência (Becoming Jane) é um dos filmes mais delicados e melancólicos sobre a vida de uma das maiores escritoras da literatura. A obra revela os desafios que Jane Austen enfrentou como mulher em uma época que limitava suas escolhas e mostra o amor como um obstáculo trágico em sua trajetória.

A direção e o roteiro constroem um romance suave e envolvente, onde cada escolha parece pesar sobre a protagonista. É uma história de sentimentos contidos, de sonhos e de renúncias, perfeita para ser apreciada com calma.

A título de mais uma curiosidade, Ian Richardson, ator que interpreta o tio de Tom Lefroy, infelizmente faleceu um mês antes do filme estrear.

Amor e Inocência sem dúvida alguma vale a pena assistir e é ideal para dias tranquilos, de preferência com um cobertor, um chocolate quente e quem sabe até biscoitos, caso você queira trocar o balde de pipoca por algo mais aconchegante. 🍫☕📖