Mamma Mia nos Palcos: Muito Mais do que uma Versão do Filme

A peça Mamma Mia esteve em curta temporada no Teatro Bradesco, em São Paulo, e como boa fã da trilha sonora do filme, é claro que fui conferir. Queria saber se, dessa vez, sairia da experiência com o coração mais preenchido do que quando assisti ao longa pela primeira vez.

Pois é! Mesmo com aquele elenco incrível nas telonas, confesso que terminei o filme com a sensação de que algumas peças do quebra-cabeça ficaram faltando — principalmente no que diz respeito à história de Sophie com os três possíveis pais. Surpresa das surpresas: só fui ver tudo mais bem amarrado no teatro!

Sabemos que adaptações para o palco têm suas limitações — tempo, ambientação, dinâmica ao vivo —, mas mesmo assim, a montagem teatral conseguiu entregar o que senti falta na versão cinematográfica. Cenas e diálogos importantes entre Sophie e os supostos pais, a chegada deles à ilha, momentos de tensão e emoção que o filme passou muito por cima, estavam lá, no palco, na hora certa, do jeitinho que eu sempre quis ver. Foi como se as pontas soltas finalmente se encaixassem.

Grécia com Sotaque Brasileiro

A temporada paulistana contou com um elenco talentoso: Maria Brasil (Sophie), Eduardo Borelli (Sky), André Dias (Harry), Renato Rabello (Bill), Sérgio Menezes (Sam), e as divas Cláudia Netto (Donna), Gottsha (Rosie) e Maria Clara Gueiros (Tanya). A direção e versão brasileira ficou por conta da consagrada dupla Charles Möeller & Claudio Botelho, que trouxe aquele equilíbrio entre o charme do original e um toque de brasilidade.

Falando nisso, os cenários mantêm o clima grego, com aquele azul característico, mas com sutis toques brasileiros — como as mesinhas que lembram restaurantes à beira-mar. Uma ambientação que, mesmo longe do Mediterrâneo, me deu uma inesperada sensação de “lar”.

Nos figurinos, confesso que senti falta da jardineira jovial da “Donna”, achei que faltou um pouco disso na personagem, embora a modernidade dela esteja sempre presente. Eu acho que nesse quesito, com todo respeito à Cláudia Netto que está maravilhosa no papel, mas, Meryl Streep é rainha absoluta.

E a Trilha Sonora… em Português?

Sim, as músicas do ABBA, que guiam toda a trama, foram traduzidas para o português. Confesso que isso me causou estranheza — tenho uma resistência natural a versões traduzidas, seja qual for a língua original —, pois, eu acho que quando você adapta músicas em outros idiomas para o português, muito do significado naturalmente se perde, pra poder se encaixar harmonicamente, mas, acabei acostumando da metade do espetáculo pra frente. As adaptações não foram perfeitas (estamos falando das canções do ABBA, irretocáveis) mas, achei coerentes com as cenas ao menos na maior parte das vezes.

Para quem, como eu, ficou com vontade de revisitar o filme depois da peça, aqui vai a dica: escute a trilha sonora original enquanto relembra os momentos vividos no teatro.

Ah, e para quem perdeu a temporada em São Paulo, a peça segue em cartaz no Rio de Janeiro, com Totia Meireles no papel de Tanya. Se tiver oportunidade, corra para garantir seu ingresso! Essa divertida versão de um clássico do cinema é daquelas experiências que valem cada segundo.

Regiane Jodas

Regiane Jodas, paulistana, sagitariana, publicitária de gaveta, fotógrafa nas horas vagas, apaixonada por rock, dogs, shows, filmes e séries. Uma TDAH que está retomando o hábito da leitura

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