(Com Spoiler)
O terror psicológico Speak No Evil (2024) é a versão americana do filme dinamarquês de 2022, ambos com a mesma premissa, mas com diferenças gigantescas – especialmente no terceiro ato. Essas mudanças tornam a nova produção uma experiência repleta de sustos inesperados.
A trama acompanha a família americana formada por Louise (MacKenzie Davis), Ben Dalton (Scoot McNairy) e sua filha Agnes (Alix West Lefrer), que, durante as férias na Itália, conhecem um casal britânico extrovertido (e um tanto exagerado): Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi), acompanhados do filho Ant (Dan Hough). A amizade recém-formada leva a um convite para um fim de semana na casa de campo da família britânica – e é aí que a tensão começa a se instalar.

O que parecia ser um encontro tranquilo se transforma rapidamente em um pesadelo, à medida que Paddy e Ciara demonstram comportamentos cada vez mais perturbadores. Paddy fala alto, cerca os convidados, sendo inconveniente com comentários, um pouco bronco até.
Louise sente que algo está errado e tenta convencer Ben a irem embora, mas talvez seja tarde demais. A família já está envolvida demais com os anfitriões, e a situação se torna cada vez mais sombria, principalmente quando Ant – que não profere uma única palavra ao longo do filme – leva Agnes até um celeiro para lhe mostrar o que realmente significa “sua família” e seus “limites”. É nesse momento, quando Agnes finalmente desvenda o mistério, que tudo sai do controle, e a família Dalton precisa lutar contra o tempo.
O que muda?


Mesmo sendo um remake, as diferenças entre as duas versões são notáveis. Enquanto a produção original dinamarquesa segue uma abordagem mais crua e impactante, com um toque de terror e constrangimento por choque cultural, os riscos de não dizer ‘não’ a versão da Universal/Blumhouse trilha outro caminho, tornando-se mais “palpável”, trazendo a questão do cuidado em quem se confia sem conhecer suficientemente bem, é mais agitado, provocativo, porém com um toque tradicional hollywoodiano. A narrativa mantém sua força e identidade própria, trazendo distinções marcantes entre os dois filmes.
As mudanças na dinâmica entre as famílias e na resolução da história adicionam novos elementos à versão de 2024. Conflitos de personalidade entre os personagens intensificam o clima de necessidade de sobrevivência, preparando o terreno para um terceiro ato de tirar o fôlego. No entanto, não espere a brutalidade vista no filme dinamarquês – aqui, o terror se manifesta através de uma visão mais psicológica, explorando a tensão dramática e a agressividade latente das situações-limite.


Vale o Balde de Pipoca? 🍿
A direção de James Watkins acerta em cheio ao construir uma atmosfera angustiante, deixando o público à beira do assento. É perfeitamente possível ver os dois filmes na sequência sem a sensação de repetir. E, como sempre, James McAvoy entrega uma atuação impecável, reafirmando seu talento para o terror psicológico – como já havia demonstrado em Fragmentado e Vidro.
Na parte musical, traz uma trilha com Gloria (Laura Braningan), Animal (Deff Leppard), Black Velvet (Alannah Milles), porém, a cereja do bolo fica por conta de Eternal Flame (The Bangles) – vocês nunca mais vão conseguir ouvir essa música como antes. Acreditem em mim!
Prepare-se para prender a respiração. Speak No Evil vale cada segundo de tensão! Vale muitos baldes com muita pipoca!